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Pauper in Paper no GPSP 2018 - Um breve report


O Grand Prix São Paulo do ano de 2018, realizado na Expo Center Norte de 6 a 8 de julho, foi sem dúvida um grande evento para toda a comunidade de Magic The Gethering, sobretudo pela celebração dos 25 anos do jogo. Além do evento principal, jogado no formato Modern, vários outros torneios paralelos aconteceram ao longo dos três dias de evento.

Dentre os torneios de formatos construídos, um que chamou particularmente muita atenção de jogadores foi o Pauper Legacy, ou somente Pauper como é chamado. O formato surgiu do Magic Online(MOL) e vem aumentando a popularidade quando jogado com cartas físicas. O “Pauper in Paper”, como é chamada a modalidade, ainda não é reconhecido como um formato oficial pela Wizards of The Coast, entretanto vem recebendo um papel de destaque nos últimos eventos oficiais desde o início deste ano.

No GP SP de 2017, já houve um torneio paralelo de Pauper que reuniu quase 100 jogadores, o Sunday Power Pauper, que foi um torneio no formato suíço com corte para o top 8. Naquele ano, o campeão levou de premiação 2.160 TIX(crédito exclusivo do evento que pode ser trocado por várias premiações). Neste ano, os torneios de Pauper foram divididos em sete eventos de 3 rodadas cada, com a premiação em TIX de acordo com o desempenho de cada jogador, podendo sair com 40 a 200 TIX por evento, dependendo de quantas vitórias e empates fossem acumulados.

O primeiro dia de GP contou apenas com um torneio Pauper às 18h, já nos dias seguintes seguiram torneios as 11h, 15h e 18h, sendo o primeiro destes dias com premiação double-up, isto é, dobrada. O site Pauper View, publicou em sua conta no Twitter e Facebook, que ao todo os eventos paralelos de Pauper reuniram mais de 340 inscrições. Os torneios foram sancionados como casuais, não acumulando Planeswalker Points, além do ponto de participação. Apesar disso todos os decks deveriam seguir a lista oficial do MOL de cartas válidas e banidas.


1- O mestre com Ana Rosa, na Expo Center Norte;

2- Lygia Karla brindando durante o pré-evento;

3- Andre Tepedino, Luna Melo, The Professor, Meggie Fornazari e Ana Carolina Santos,

na loja Epic Game um dia antes do GP São Paulo 2018.


Muitos Youtubers entusiastas do Pauper estiveram presentes nos torneios, chamando ainda mais atenção da comunidade e em especial, The Professor, do canal Tolarian Community College. A presença do “Professor” gerou grande expectativa e trouxe os olhos da comunidade para o formato, trazendo a possibilidade de não só trocar algumas palavras e bater uma foto, mas também jogar uma partida com uma grande personalidade e autoridade em termos de Pauper. Em toda sua passagem pelo GP, o Professor falou sobre o quanto estava feliz em poder participar do evento, que apesar dos obstáculos como o visto da viagem e a própria Channel FireBall (CFB), empresa que organizou o GP, que no início não demonstrava interesse em o trazer para o Brasil.


Júlia Bauer

As Heroínas do Pauper

Cerca de 5% das pessoas participantes dos side events do Pauper era composta por Garotas Mágicas, mas em todos torneios tivemos pelo menos uma presença feminina. Conversamos com a Julia Bauer, uma das garotas que fez por missão jogar o maior número de eventos Pauper possíveis.

Julia é de Porto Alegre e joga Magic casual há 10 anos, ma no ano passado, movida pela falta de garotas no cenário competitivo, ingressou no Modern em sua cidade com um deck emprestado. No início enfrentou muitas dificuldades por não se sentir a vontade nas lojas que jogava, haviam experiências negativas do passado que ainda pairavam o ambiente da loja, bem como a ausência de garotas jogando.

Há cerca de 6 meses, Julia vem jogando Modern e Pauper competitivo nas lojas, e agora joga Pauper também no MOL, participando de várias ligas e praticando com seu deck Mono White Heroic. Em sua última liga no MOL, conseguiu reunir aproximadamente 300 TIX, uma premiação equivalente a 300 dólares. “Eu nunca imaginei conseguir juntar isso com Magic! Agora no último GP fiquei também muito feliz com os resultados, não esperar ir tão bem jogando e é bem legal ver isso acontecer de verdade, me deixa muito feliz”

Nós, da Liga das Garotas Mágicas, também estamos bem felizes pela Julia! No GP São Paulo ela pode jogar 5 torneios Pauper, acumulou uma premiação total de mais de 1 mil TIX. Quem conhece a rotina de um GP sabe o quanto pode ser puxado: “Eu comecei a jogar [os últimos torneios], mas daí eu fui para casa porque estava muito cansada, exausta”. O cronograma dos eventos estava muito apertado, de modo que um pequeno atraso em qualquer torneio prejudicava os próximos, além de que forma alguma houve atraso no início de um torneio em função de um atraso anterior. Logo, os maiores prejudicados estavam sendo os jogadores que passavam de um torneio para o outro sem nenhum intervalo e muitas vezes chegando atrasados.

Tivemos a oportunidade de conversar com a Julia sobre as experiências dela com o Magic e no GP São Paulo 2018. Devido as diferenças geográficas a entrevista foi feita pela internet, segue a transcrição editada dos áudios para nossas leitoras e leitores. Os arquivos originais estão guardados e a disposição.

Liga das Garotas Mágicas – Você começou no Magic competitivo faz 6 meses, aproximadamente, como tem sido essa experiência para você?

Julia – Estou gostando bastante. Eu acho interessante ver como minha própria trajetória de evolução pessoal, que às vezes decks que eu considerava “bad matches”, jogos perdidos, só por pensar um pouco e por praticar, estar treinando, acabam se tornando matches mais faceies por pensar de forma mais clara as linhas de jogo, o que eu tenho que fazer, quais são as prioridades. Mas isso foi depois de muito treino, passei bastante tempo jogando. Já pensei em investir mais no Modern competitivo, talvez tentar conseguir um patrocínio, mas daí é um pouco viagem da minha cabeça, né? (Risos). Estou treinando, estou conseguindo alguns bons resultados, mas ainda é muito incipiente dentro de um mercado muito competitivo, todo mundo que aspira ser “pro-player” quer patrocínio, todo mundo quer entrar nesse mercado. Também me sinto desestimulada em jogar T2, porque eu não gosto tanto, mas é onde está a maior parte da grana. Como desenvolvimento pessoal tem sido legal, de ver algo que eu não achei que ia conseguir desenvolver tanto e consegui!


LGM – E nessa trajetória de descobertas, o que você está achando do "meta game" do Pauper? O que você viu no GP São Paulo 2018 é muito diferente do seu "meta" local?

J – O meta game do MOL é bem parecido com o que eu encontrei no GP. Já o meta game local é diferente, daí eu geralmente quando jogo em alguma loja específica eu adapto o sideboard, até mesmo o mainboard, pro próprio meta game do lugar. Por exemplo, na loja que eu jogo em Porto Alegre tem bastante Mono Black, então como eu jogo com Mono White, eu aumento o número de Gatos Sagrados, eu faço um arranjo diferente para conseguir jogar em cada contexto. O deck que eu mais me adaptei e que consigo melhores resultados no Pauper tem sido o Mono White Heroic.


LGM – E o Modern? Como ficou no GP?

J – Eu fui pro GP com o pensamento de jogar Modern, mas acabou que eu desisti, porque eu fui jogar o Last Chance e perdi na primeira rodada, perdendo a chance dos byes. [...] Como eu não estava tão preparada assim, mudei lá mesmo de ideia “vou jogar os eventos paralelos de Pauper”. Até porque eu me sentia um pouco desconfortável jogando Modern por “ser algo mais sério” e “Pauper não ser Magic de verdade”, então tem um clima mais descontraído [no Pauper]. Eu considero Pauper Magic de verdade, mas muitas pessoas brincam com isso, ou até com uma brincadeira “um pouco mais séria”. Mas acaba sendo algo menos pesado, porque o que eu senti no Modern eu vi todo mundo levando tudo muito a sério, mas muito a sério de uma forma que às vezes chega a perder um pouco a diversão. E como foi meu primeiro GP eu queria me divertir! Se eu fosse jogar Modern eu ia ficar nervosa, me sentir desconfortável, então eu resolvi que o Pauper era a melhor opção.


LGM – Muitas cartas de Pauper vem encarecendo no formato “in paper” por conta da popularização. O que falta para o Pauper ser mais acessível na comunidade?

J – Talvez um reconhecimento maior por parte da própria Wizards. Mas é um formato, que apesar de existir já há um tempinho, está se consolidando agora, está popularizando. Acho que está no tempo de amadurecimento mesmo.


LGM – Além de jogadora, você também é juíza de nível 1. Existe alguma diferença da Julia jogadora para Julia juíza? Conte-nos mais sobre seus planos em melhorar o Magic na sua região.

J – Quanto a diferença, tem uma coisa que se mantém que é minha vontade de me divertir. Mesmo quando eu sou juíza isso acaba sendo uma diversão mais “séria”,porque muitas pessoas contam comigo para resolver questões, resolver dúvidas. Acaba valendo a pena porque eu me divirto. Claro que vai haver situações de maior tensão, quando eu to atuando como juíza eu posso acabar sendo responsável para resolver. Mas na maior parte das vezes que um juiz é chamado pra ir às lojas é para resolver alguma situação de carta, interação, o que acontece. Quando estou jogando uma coisa que se mantém também é minha vontade de ajudar, discuto com meu oponente as melhores estratégias, sobre como a pessoa poderia ter usado melhor o sideboard contra mim, porque eu acho que o importante não é só ganhar. Claro que as pessoas gostam de ganhar, eu gosto de ganhar. Mas eu acho que é fazer com que os outros jogadores também evoluam, também aprendam e isso está cada vez crescendo, deixando nosso ambiente de jogo mais forte e mais bacana.


Card Pioneira do Bando de Lagonna ilustra nossa batalha por maior visibilidade.


LGM – Deixe um recado para nossas leitoras e leitores.

J – O que eu queria falar para as leitoras e leitores é que todos contribuíssem para que o Magic se torne cada vez mais bacana para homens, mulheres, pessoas trans, gays, lésbicas e qualquer outra minoria. Que não façam nenhum tipo de preconceito ou discriminação e quando virem isso acontecendo chamem um lojista, chamem um juiz porque posturas machistas, homofóbicas, racistas, não podem ter lugar no ambiente do Magic. E quando a gente não chama um juiz, quando a gente não chama o lojista, a gente acaba sendo conivente. Então, não deixa isso acontecer. E muito obrigada por essa iniciativa em falar comigo, eu acho um pouco estranho falar de mim mesma mas eu tentei dar o meu melhor para responder (risos).


~*~


Além da Julia outras Garotas Mágicas marcaram presença nos torneio de Pauper como a Lygia Karla que estava de Mono Red Burn; a jogadora Luna Melo competiu com dois decks: UB Control e Nylea Domain. “Achei o GP um pouco desorganizado, mas nada que atrapalhasse a diversão. Os decks são fortes e os rapazes foram respeitosos. Não sofri nenhum tipo de preconceito/tratamento diferente por ser mulher.” disse Rafaga Mello que jogou com seu Mono Black Control. Quando perguntada se tinha se divertido no torneio, Rafaga respondeu: “Muita coisa! O melhor foi ganhar prêmio em TIX e jogar contra decks que só tinha visto pela internet”.

Participações de garotas em grandes eventos são muito importantes para a comunidade, pois incentivam outras garotas que querem entrar no competitivo, mas por conta do ambiente predominantemente composto por homens não se sentem a vontade. Outro fator importante também é trazer mais atenção para o formato que está em expansão, movimentando a comunidade de mulheres no Magic, representada pela Liga das Garotas Mágicas, de jogadoras que queiram começar no formato e estão em busca de apoio e informações.



Referências utilizadas para este artigo:


* Sobre a autora: Luna Melo tem 25 anos, é estudante de Letras, mora em Goiânia-GO e joga Magic casual há mais de 10 anos. Em 2017 decidiu entrar no cenário competitivo e se tornou uma grande entusiasta do formato Pauper Legacy. Neste ano também se tornou Diretora Regional da Liga das Garotas Mágicas por Goiás além de membro da Coordenação da Liga Goiana de Pauper.

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